GUIU EM PEDAÇOS

GUIU EM PEDAÇOS
Algumas boas palavras permanecem....sempre em nossos corações!

17 de set. de 2009

Eu e a chuva...a chuva e eu...


E eis que o céu se liquefez num denso tom de verde-água: era pura água de chuva sobre mim.
Não havia nuvens, era o céu um pedaço de oceano: suave, calmo.
Não havia medo: era olhar para o céu d'água e me sentir como cada gota, prestes a cair.
Não havia vento: era somente a emoção de enxergar a suavidade da tempestade, força que dá de beber à terra.
Havia o perfume que antecede a água caindo, havia uma felicidade infantil de quem gosta de banhar-se nela: a chuva.
Havia a vontade de misturar-se a ela, a terra, e deixar-se levar por ela, a água.

E eis que ela veio, a chuva, torrente de sentimentos há muito guardados, escondidos, vindo à tona num repente.
Lavando a alma da terra, escorrendo pelas ruas, indo de encontro aos rios que se alegraram, vazando devagar por sobre as árvores, fazendo a rosa perfumar-se ao luar. Ela veio, a água, transparente como o coração que olhava a chuva, fazendo soprar uma brisa leve, fazendo girar a roda que inundava aquele velho poço que eu conheci outrora.
Ela veio: a tempestade benvinda a lavar-me a alma dolorida, o refresco que antecede o calor do Sol.

Ela veio, a chuva, e eu fui com ela, me derramando, dissolvendo-me por sobre as folhas, as flores, os animais, as pedras e a terra.
Ela veio e eu fui com ela, fluindo solta por todos os quatro cantos, os quatro ventos e quadrantes.
Ela foi-se e trouxe-me de volta: de volta a mim e ao mundo.

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