GUIU EM PEDAÇOS

GUIU EM PEDAÇOS
Algumas boas palavras permanecem....sempre em nossos corações!

22 de mai. de 2011

Clarice diz...

21 de mai. de 2011

Amigos...

Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça.
No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.

15 de mai. de 2011

É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.

É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.

Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver.

 Martin Luther King 

10 de mai. de 2011

Consideração

Consideração é uma espécie de reconhecimento que as pessoas tem em relação a você e que você tem em relação aos outros.
O ato de se ter consideração por alguém significa que você reconhece no outro a virtude, o esforço, a dedicação e mesmo que não tenha retorno da mesma forma, entende que é importante deixar claro que compreende isso na pessoa.
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É interessante perceber que por mais desgastados que estejam alguns valores hoje em dia, o que talvez tenha maior espaço na mente das pessoas é distinguir quem se considera e quem lhe considera.

É como se você pudesse elencar àqueles com quem pode contar e que podem contar com você em uma relação de total reciprocidade. 
Porque considerar tem a ver com confiança, com apoio e com segurança.
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A confiança em saber que a pessoa não lhe julga, mas enxerga você como um ser humano.

O apoio para as circunstâncias que você vive porque entende que as conquistas e as vicissitudes acontecem e sempre precisam de alguma palavra amiga para lhe parabenizar ou dar uma "força". 
A segurança de poder errar e mesmo assim saber que a pessoa estará lá para lhe ajudar a enxergar o erro e também para abrir o caminho com você para a mudança.
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Consideração é isso, é reconhecer.
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5 de mai. de 2011

Sonho Impossível

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã este chão que eu deixei
Por meu leito e perdão
Por saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão


Música de J. Darion - M. Leigh e versão de Chico Buarque e Ruy Guerra, que ganhou vida na voz da diva Maria Bethânia. 

4 de mai. de 2011

Uma criança chora...

Mesmo com o avanço da idade e do eminente amadurecimento, mora em nós uma criança que vive com seus medos e angústias. E que, por vezes, nos faz derramar lágrimas.
Minha alma tem estado a visitar a minha infância. Fantasias. O que são fantasias? As fantasias de infância são as memórias transfiguradas pela saudade. Eu poderia colocar minhas fantasias de infância em álbuns diferentes, como se fossem fotografias. Fantasias dos pequenos espaços (a cabaninha, a casa no alto da árvore), as fantasias dos grandes espaços (os campos, os jardins), as fantasias da noite com seus terrores...

Antigamente... essa palavra me intrigava. Ouvia que os grandes em suas visitas noturnas a usavam com frequência. E eu perguntava: “Quando é antigamente?” Nunca me explicaram. Mas agora eu sei quando é antigamente. Pois antigamente os grandes gostavam de fazer sofrer as crianças. Acho que eles pensavam que as crianças não tinham o “lá dentro” onde mora o sofrimento.

Os grandes me faziam sofrer e riam do meu sofrimento. Mentiam para me fazer sofrer. Eu devia ter uns quatro anos, na roça. Perto da casa havia uma mata fechada. Por medo, eu nunca me aproximei dela. Diziam que lá moravam onças. E os grandes me diziam que naquela mata fechada morava um menino. E, para provarem, diziam: “Quer ver?” E gritavam: “Ô menino!” O grito batia na mata e voltava como eco bem fraco: “Ô menino...” Mas eu nada sabia sobre ecos. Sim, era a voz fraca de um menino abandonado. Que pais o teriam deixado lá? E por que ele ficava lá?


E a imagem daquele menino não me deixava. De noite, na minha cama, eu me lembrava dele sozinho no escuro. Como eu desejava poder trazê-lo para a segurança da minha casa! Mas eu nada podia fazer. E assim dormia, sofrendo o abandono do menino. Nunca vi o dito menino, porque ele não existia. Mas a alma não sabe o que é isso, o não existir. Aquilo que é sentido existe. A alma é um lugar assombrado onde moram as mais estranhas criaturas que, sem existirem, existem.
Lembro-me de que, numa dessas noites, eu chorava baixinho. Chorava de angústia. Minha mãe ouviu o meu choro e veio assentar-se ao meu lado para saber o que me fazia sofrer.
Expus-lhe, então, a minha aflição: “Mãe, quando eu crescer, como é que vou fazer para arranjar uma mulher?”, “Mãe, quando eu crescer como é que vou fazer para ganhar a vida?”

Quem tomar essas perguntas no seu literalismo se rirá delas. Não é engraçado que problemas tão distantes façam uma criança chorar? Mas o seu sentido não se encontra na letra. Ele se encontra no não dito, na noite escura de onde surgiram, noite da minha alma, aquela noite quando seria inútil chamar por pai ou por mãe, porque não haveria ninguém para ouvir. Naquela noite eu chorava pela minha solidão, pelo abandono que me esperava, quando eu seria como o menino da mata.
O menino abandona- do não me abandonou. Entrou dentro de mim e mora comigo. Me faz sofrer. Me dá ternura. Sempre que vejo uma criança abandonada, eu sofro. Quereria poder protegê-la, cuidar dela. Eu me enterneço porque a criança abandonada que mora em mim está sofrendo. Afinal, todos somos crianças abandonadas. Nos momentos de solidão noturna, de insônia, tomamos consciência de que estamos destinados ao abandono, àquele tempo quando será inútil chamar “meu pai” ou “minha mãe”.

É assim que me sinto, às vezes. Tenho, então, vontade de chorar...
Texto de Rubem Alves - escritor, educador e psicanalista.